É mesmo necessário revisar? Por quê? Para quê?

Para que é necessário um revisor? Por que as pessoas, marcas e as empresas precisam ter mais cuidado com a revisão de seu material?

Começamos este texto com uma citação de Luis Fernando Veríssimo, que já foi um revisor e não dispensa os préstimos de um revisor profissional. Veríssimo, no seu artigo Cuidado com os revi”z”ores, deixa bem claro o papel e a importância desse profissional, ele cita: “o revisor é a pessoa mais importante na vida de quem escreve. Ele tem o poder de vida ou de morte profissional sobre o autor. A inclusão ou omissão de uma letra ou vírgula no que sai impresso pode decidir se o autor vai ser entendido ou não, admirado ou ridicularizado, consagrado ou processado. Todo texto tem, na verdade, dois autores: quem o escreveu e quem o revisou. Os revisores só não dominam o mundo porque ainda não se deram conta do poder que têm. Eles desestabilizariam qualquer regime com acentos indevidos e pontuações maliciosas, além de decretos oficiais ininteligíveis. Grandes jornais seriam levados à falência por difamações involuntárias, exércitos inteiros seriam imobilizados por manuais de instrução militar sutilmente alterados, gerações de estudantes seriam desencaminhadas por cartilhas ambíguas e fórmulas de química incompletas. E os efeitos de uma revisão subversiva na instrução médica são terríveis demais para contemplar”.

VOCÊ ESCREVE COMO FALA? 

Se eu falo, é lógico que sei escrever? Certo? Errado. Não é bem assim.

Existe uma grande diferença entre a fala e escrita coloquiais e o que denominamos de norma culta. Seus usos são bem diferenciados e não podem ser confundidos ou mesclados. É preciso entender para que fim iremos utilizá-las e, então, fazer o seu uso correto.

Um texto, uma propaganda, uma peça, um frame mal escritos, geram tanto um desconforto no seu leitor/consumidor quanto uma má compreensão no momento de uma busca on-line por um produto ou texto, por exemplo. Sem falar na imagem da pessoa/marca/empresa que fica manchada e até estigmatizada. É preciso lembrar sempre: “a primeira impressão é a que fica”.

Olavo Bilac dizia: “A morte de uma nação começa pelo apodrecimento de sua língua”. É claro que existe a licença poética, por vezes bastante forçada, existe a questão do que é melhor para uma publicidade alcançar o seu objetivo, como impactar, como ser persuasivo, como soa melhor, está melódico ou não e assim por diante. Tudo bem que se façam trocadilhos e que se coloque o “erro” em itálico ou realces com fontes diferentes, mas daí a tornar isso uma regra, não é justo nem correto!

ATENÇÃO PARA A INFORMALIDADE DA LINGUAGEM ORAL

A linguagem oral está recheada de informalidades e erros. Contudo, ao escrever um texto, seja ele qual for e a qual objetivo se destina, precisamos preservar a norma culta, ou seja, o português correto. Fazer adequações, metáforas, trocadilhos, para impactar o consumidor, logicamente que é válido e muito necessário. Todavia, é preciso cuidar, não passar por cima e “chutar” a gramática. Na publicidade, é compreensível, para o bem maior, que se deixem “passar” algumas situações sem tantos “preciosismos linguísticos”, embora que o correto sempre será o correto, não é mesmo? O que se quer, aqui, é deixar clara a importância de uma revisão séria, independentemente, da finalidade a que se destina. A publicidade precisa impactar, usar de mecanismos não tão ortodoxos? Certo, compreende-se, mas não é necessário assassinar, diariamente, a nossa língua pátria. É possível, sim, conciliar conteúdo de qualidade e gramaticalmente correto com uma publicidade de nível, basta que se queira e se entenda a importância de uma parceria que ousamos denominar de simbiótica.

A IMPORTÂNCIA DO REVISOR

Existe sempre a reclamação de que contratar um revisor “é mais um custo para mim, para a empresa”, etc. Agora, pegue-se um texto, uma notícia, uma resenha, um layout que estejam truncados, sem coesão, mal escritos e observe se o resultado final é, realmente, alcançado? Por sua vez, leia-se um texto bem escrito, cadenciado, coeso, no qual a leitura flui e veja se o leitor não se sente bem, impactado e satisfeito com o que leu? Por mais que tenhamos nos tornado extremamente visuais, o texto virá depois que o visual tenha causado o impacto esperado. As informações serão buscadas e precisam estar coerentes e corretas gramaticalmente.

A língua portuguesa sofre, diariamente, ataques a sua norma culta. Existem, cada vez mais, analfabetos funcionais e culturais que acreditam que sabem se comunicar e que sabem entender o que está escrito. Mais do que em textos jornalísticos, propagandas, etc, é nas redes sociais que observamos as incorreções em maior quantidade, o que acaba por perpetuar erros crassos, por ensinar, de maneira equivocada, qual a maneira correta de se escrever, mas, sobretudo, por não conseguir transmitir o que a publicidade pretendia nem conquistar o público-alvo.

As empresas precisam entender a necessidade de zelar tanto por sua publicidade como por uma escrita correta, por uma divulgação clara, concisa, direta e eficaz.

É necessário que sempre se tenha em mente que as pessoas, marcas e as empresas, além de vender seus produtos, vendem a sua imagem que estará atrelada não só ao visual mas também ao que está escrito. Então, qual a imagem que você e/ou a sua empresa pretende vender?